domingo, 23 de outubro de 2016

Só você e eu

Se meus anseios,
Encostam em teus seios,
Sinto teu cheiro,
Vibro, estremeço
E no teu leito eu me aperto
Sem reserva me entrego,
Sem ter pressa, nem final.
Entre os vãos de tuas pernas,
Tão estreito, quente e úmido
Perco rumo, com razão.
Em tua boca tão carnuda,
Me invade e me desnuda,
Sou teu réu, nesta insana paixão.
Mesmo assim, sou preza fácil,
Faço em ti o meu regaço,
E um dia num abraço,
Seja só você e eu.

João Bosco Tavares


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Naufrágios cotidianos

Alma crua e nua, Exposta e latente, Tocada feito ferida Pulsa... Doida, dolorida, Desanda... Perde-se em mar revolto, Causando desmandos Na frágil carne Embebida de desejos. Treme as pernas, Tremula, paralisa, Engessa, Saltando. Ela impressa na derme Frisos latejantes de dor, Nociva e sórdida incompreensão Que não alcançam o cais... Onde a alma apenas almeja descansar...

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Quando olho para a imensidão do universo, compreendo a grandeza do nada, por que no vazio está o tudo e passo a passo entendemos que somos nada a serviço do todo; o tudo se move no todo e de tão imenso a nossa compreensão se torna um nada. Somos seres em estado embrionário, aguardando o verdadeiro nascimento, nossa estrutura física limita nossa compreensão, julgamos ser alguém que nem sequer compreende os motivos que nos trouxeram aqui.
Que bom saber que caminhamos rumo a compreensão da existência, nossa certeza de que há um fim do caminho, nos alimenta a certeza de que há algo mais para compreender quando atravessarmos a reta final. Sempre ouvimos dizer que a passagem nos conduz por um túnel que nos leva em direção a uma luz e está luz só pode ser a luz do divino nos revelando o essencial, esta luz há de clarear nosso entendimento, há de lavar nossas misérias, há de acolher-nos com amor ilimitado e só aí então entenderemos que fomos um nada para tornarmos um tudo junto ao todo que é gerado em Deus.

Joao Bosco Tavares

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Solto

Solto nesta babel, 
Sigo os trilhos do tempo,
Invento meus versos,
Que de tempo em tem tempo,
Fiam meus sentidos.

A tanta estrada,
Pra tão poucos pés,
A tanto afetos
Distantes do amor

Enquanto isso,
Fabricam um mundo,
Miúdo demais,
Sem noites de estrelas,
Sem ventos de paz.

Tão solto no munto
Me lanço a caminho,
Por novos destinos,
Embarco os meus sonhos
Onde a vida e amor tem cheiro de mar.

Joao Bosco Tavares
Sôdade...

Sôdade é sentimento granado 
Cultivado no quintá
É terra mechida a mão.
É semente, é grão,
É ninho de pardal,
É cor no varal,
É cabelo com laço de fita,
É banho de tina,
Sôdade é doce caramelado,
É viagem ao passado,
É conversa na varanda,
É noite de dança
É um tanto de planta,
É fruta de pomar,
É pipa pairando no ar.
Sôdade é caminho,
É trilha, é destino,
É vento e mar
É flor no alpendre
É riso de contentamento,
É uma porção de desapedo
É menina com boneca a brincar
Sôdado mesmo é o que sinto,
Quando ainda era menino,
É abraçava o destino,
Sem o peso que tempo,
Na estrada da vida tratou de criar.
Sôdade eu sinto...
Sôdade eu sinto...
De tudo isso que é boa verdade
Que o tempo não pode apagar.
Que ainda hoje não deixa de gritar
Na fornalha do meu coração.

Joao Bosco Tavares

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Oração cantada para o vento

Trilhamos caminhos de muitos encontros,
Uns geram versos com claves de sol,
Cantigas e rimas de sonhos e dores,
Que levam no vento o som de uma voz,

Que canta e desperta tantos sentimentos,
Que gritam e oscilam de contentamento,
Que cantam suaves sutis orações,
Que mexem com corpos inertes e a sós,

Sedenta a garganta, sorve a melodia,
Da nossa canção feita para acariciar,
É quase silencio quando a melodia
Consegue com jeito tua alma alcançar.

sábado, 13 de agosto de 2016

Quando menino,de pé no chão e sorriso largado,
Caminhava livre, feito colibri ao vento,
Já nasci sem pedigree,
Sem compromisso com o peso 
E os lamentos de existir.
Era apenas um menino,
Sem amarras com o destino,
Que cresceu pra ser feliz, 
E assim quis Deus menino,
Meu menino acariciar,
Cada vez que no meu rosto
o seu vento fez soprar.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Tanto mel

Se teus olhos cruzam com os meus,
Vai-se embora, minha solidão.
E meu tempo encosta no teu,
Amansa, coração.

Se teus lábios tocam o meus,
Tremem as pernas, gelam a minhas mãos.
E a vida despensa os tormentos,
Tudo vira oração.

E o mundo parece parar,
Se você vem comigo morar.
Nossa vida se torna canção,
Melodia escrita à duas mãos.
Nossa vida ganha cor de céu,
Com seus olhos cor de flor anis,
Dos seus lábios brota tanto mel
Que entorpece os colibris.


 João Bosco Tavares




domingo, 12 de junho de 2016


Sublime amor

O mais sublime amor,
Que na cruz mesmo na dor,
Foi capaz de se doar.
Um amor jamais vencido,
Tanta dor tantos gemidos,
Foi capaz de suportar.
Um amor imaculado,
Pelo mundo maltratado,
Quis por nós se entregar.

Pôs seus pés neste caminho,
Sabendo que os espinhos,
Suas carnes iam rasgar,
Foi valente e corajoso,
Tão amável e generoso,
Suportou a dor da cruz.
Mas sabia que vitória,
Marcaria nossa história,
Salvaria o povo Seu.